"AVE MARIA" por Dom Luciano Alimandi - Não perder de vista Jesus!



A vida espiritual do cristão baseia-se na comunhão com o Senhor Jesus: desejado, buscado, invocado, celebrado, anunciado. Em outras palavras, a vida de graça, numa alma, cresce na medida em que se esvazia de si própria para dar espaço, na confiança e no amor, a Jesus. Todo o Evangelho testemunha isso: "se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, pegue a sua cruz e siga-me" (Mc 8, 34) "onde eu estiver, estará ali também o meu servo" (Jo 12, 26). Estas palavras de Jesus, ao lado de muitas outras espalhadas pelos quatro Evangelhos, definem o estatuto de pertencimento à Ele. Não somos nós que decidimos o que é importante na "sequela Christi", porque tudo o que foi decidido por Jesus e pela Igrejatorna-se fiel testemunho ao longo dos séculos. Somente aqueles que praticam o Evangelho são realmente santificados; são eles que "seguem o Anjo onde quer que ele vá" (Ap. 14, 4). Não é possível se enganar sobre o que é essencial na vida porque, se falta a essência, sobra somente a aparência. O essencial está escrito no Evangelho, sem a necessidade de "se" e de "mas" da nossa parte. A essência do cristianismo, de fato, é constituída pela vida, pelas palavras, pelas ações, por todo o ensinamento de Jesus fixado para sempre! A presença viva de Cristo, que permanece ao longo dos séculos na Igreja, realiza perfeitamente a sua promessa: "Eis, que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo" (Mt 28, 20). O fascínio de uma santa vida como a de um Francisco de Assis, é constituída pelo amor vivido por Jesus real e histórico do Evangelho. É somente Jesus, que a Igreja anuncia há dois mil anos, que dá sabor e luz à vida do cristão de todas as épocas.Francisco quis estabelecer a sua Ordem, as suas regras e as suas disciplinas, no fundamento do Evangelho e exortava assim os seus frades: "mantenhamo-nos, então, fiéis às palavras, à vida, à doutrina e ao santo Evangelho daquele que se dignou a rezar pelo nosso Pai e manifestar a nós o nome dele" (Regra de 1221). No seu Testamento, escrito pouco antes de morrer, ele anotou: "ninguém me ensinava o que eu deveria fazer; mas opróprio Altíssimo revelou-me que eu deveria viver segundo o Santo Evangelho". "Viver segundo o Santo Evangelho", eis o programa de todo santo, a essência da santidade, o segredo da felicidade! Seja na vida pessoal do cristão, seja na vida de uma comunidade, como, por exemplo, uma paróquia ou uma família religiosa, tudo deve se referir e girar ao redor do Senhor Jesus.O homem se cansa de tudo e de todos, mas ai se se cansar do Senhor Jesus, porque somente Ele tem o poder de nos fazer retomar o caminho, de nos perdoar pelos pecados, de nos reanimar no amor ao próximo . Assim como é verdadeiro que "sem Jesus não podemos fazer nada" (Jo 15, 5), mas nada de bom mesmo! Uma alma que não se liga a Jesus, gira no vazio ao redor de si mesma e arrasta consigo, na sua loucura, quem se deixa levar pelos afetos mundanos, de interesses meramente terrenos, de compromissos de trabalho não voltados à gloria de Deus, mas dominados pela lógica da vantagem . Eis porque Jesus nos avisa sobre os falsos guias (Mt 15, 14). S. João da Cruz afirma que podem ser três os guias cegos da alma. Em primeiro lugar, há os "diretores espirituais" que não guiam a alma até Deus. porque "não compreendem oscaminhos do espírito e as suas prerrogativas", em segundo lugar, há "o demônio" que, "uma vez cego, quer que a alma também o seja" e, finalmente, em terceiro, há a própria "alma", que "não compreendendo a si mesma, pertuba-se e se destrói" (Chama Viva do Amor). Como é fácil se perder no labirinto da oportunidade que se apresentam à nossa liberdade! Todos os dias, podemos nos comprometer seriamente com escolhas que, talvez no início, não pareçam graves, mas ao longo do tempo, se não corrigidas pelo arrependimento e pela conversão, fazem com que nos desviemos do caminho de Deus. Não sabemos quase nada de como Judas chegou a trair Cristo, talvez, no início de seu caminho com Jesus, assumisse somente pequenos compromissos com o mundo, com o seu orgulho, compromissos, que, certamente, não eram ignorados, nem por Jesus, nem por Satã. Depois, aos poucos, Judas deu espaço a outros e a outros mais, até provocar um abismo entre ele e Jesus.Dentro desse poço de desespero, cavado pela própria liberdade mal utilizada, Judas, no final, precipitou-se: "e era noite", diz o Evangelho de João, depois que Judas "comeu e saiu" da Ceia para consumar a traição ao Filho de Deus (Jo 21, 27)! Freqüentemente, assustamo-nos com "reviravoltas" tragicamente negativas, que ocorrem com esta ou aquela pessoa conhecida, mas vemos somente a "manchete" e não sabemos como tudo começou, não vemos o compromisso inicial que fez a liberdade desviar-se na direção que, cada vez mais, distancia-se do Evangelho. Se é verdade que a misericórdia de Deus não tem fim, também é verdade, porém, que a liberdade do homem é condicional, a ponto de existir o inferno: a possibilidade real para o homem de rejeitar para sempre o seuDeus. Não é de espantar, então, que grandes santos, como s. Luigi Maria Grignion de Montfort, diante da possibilidade para o homem de abandonar e se desviar dos caminhos de Jesus, tenham sentido a necessidade e urgência de se consagrar sem reservas à Nossa Senhora, confiando-lhe toda a própria liberdade, tornando-se "escravos" d"Ela. Com este final, pretendia-se destacar a grande necessidade do homem que anseia Deus, de "ligar-se parasempre" ao ser, que jamais se desviou dos caminhos do Evangelho e que é o próprio símbolo da perfeita seqüela de Cristo: a Virgem Maria, Mãe de Jesus e Mãe nossa! A Ela, o coração não se cansa de repetir "Totus tuus ego sum".

Última Alteração: 13:38:00
Fonte: Agência Fides Local:Cidade do Vaticano

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