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SOBRE A DOR

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Enquanto o fagote avança no lúgubre primeiro movimento da Sinfonia 6 de Tchaikovsky, a melodia da dor vai se desenhando. A vida ainda se debate na valsa propositalmente desequilibrada do segundo movimento e na marcha do terceiro. Vida à procura de sentido, de equilíbrio. A vida na dor finalmente cede à morte no quarto movimento e vai se esvaindo até o silêncio. Picasso brinca com o rosto humano e o descobre torto, desconexo. Então pinta “Guernica”, o quadro da dor da guerra, no qual homens e animais, aos pedaços, se debatem no lençol negro da incompreensão. O sol é uma lâmpada sem força. Não há outra expressão além da dor soberana, e as gentes que se entregam à morte. A dor transforma o homem; porém, ainda bela, nos comove e vai comover as gerações que virão. Na intensa prova do Ironman em Kona, os corpos perfeitos das primeiras horas da chegada dão lugar à beleza da resistência. Os triatletas renomados chegam oito horas depois do início. Porém, não são eles os heróis. Até à meia

MORDOMIA RESPONSÁVEL

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René Padilla Nós, evangélicos em geral, não temos dado ao tema do meio ambiente a devida atenção. É urgente abordá-lo sob uma perspectiva bíblica e voltada para o cumprimento da missão a que Deus nos chamou como mordomos de sua criação em um mundo onde reinam dois males intimamente ligados entre si: o abuso dos recursos da criação e a injustiça social. A afirmação com que a Bíblia se inicia não dá lugar a dúvidas: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Na terra que surge do nada pelo poder de sua Palavra, Deus cria, em primeiro lugar, o cenário para a vida humana. Depois, sobre este cenário, coloca o homem e a mulher, criados à sua imagem e semelhança, e lhes comissiona o mandato cultural: “Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a” (Gn 1.28a). Como no caso da existência de Deus, a revelação bíblica considera indiscutível o fato de que Deus delegou aos seres humanos um papel único na criação. O texto mostra claramente que a criação da humani

A obrigação de levantar quem está indevidamente ajoelhado e de pôr de joelhos quem está indevidamente em pé

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Quando Cornélio se encontrou com Pedro na entrada de Cesareia, o militar romano ajoelhou-se e curvou a cabeça diante do ex-pescador da Galileia. Imediatamente, Pedro fez com que ele se levantasse e disse: “Fique de pé, pois eu sou apenas um homem como você” (At 10.26). O ser humano não pode ser tratado como Deus por outro ser humano. Nem pode desejar tal coisa para si mesmo. Deus está acima de qualquer ser angelical e de qualquer pessoa. Está escrito: “Temam o Senhor, o seu Deus, e só a ele prestem culto” (Dt 6.13; Mt 4.11, NTLH). O verdadeiro cristão precisa aprender e executar duas artes gêmeas: a arte de levantar os que estão indevidamente ajoelhados e a arte de fazer ajoelhar os que estão indevidamente em pé. Ambas são difíceis e requerem sabedoria e coragem. Mesmo sob contínuas e exageradas palmas, o ser humano não pode esquecer-se de que é um ser humano. Mesmo gostando de colecionar muitos títulos e diplomas, muitas coroas e cetros, muita importância e dinheiro, ele não p

A VIRGEM DA DOCE ESPERA

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O Messias vem para a Virgem Mãe, é impossível se preparar para o Natal para além da contemplação da alegria indizível que possuía Santa Maria esperançoso quanto ao futuro de seu nascimento imediata seguinte. Isso é o que se entende por "Nascimento Expectativa"ou "O dia de Santa Maria", como era chamada em outra época, ou "Nossa Senhora do Ó", como popularmente chamado também de hoje. Foi na Espanha, em Toledo, no concelho décimo lugar em 656, com S. Eugênio III Bispo do que ver e, posteriormente, muito dedicado à Virgem Maria, San Ildefonso, foi levado a sério o suficiente para se espalhar. A intuição de pessoas chamado de jovens grávidas Maiden "Virgen de la O" baseia-se na contemplação direta das obras pictóricas ou esculturais que redondeza piamente natural da Virgem abaulamento grávida. A origem do título é mais espiritual, porém mais finas, e menos somáticas litúrgica. É originário das antífonas de Vésperas marianas início de oração c

FIDELIDADE CRISTÃ

Jesus foi taxativo: “É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” (Lc 21,19). No Apocalipse está bem decodificada esta sábia orientação do Mestre Divino: “Permanece fiel até a morte e eu te darei a coroa da vida” (Ap 2,10). Muitos pensam que o heroísmo do batizado só se dá no caso dos mártires, quando “o discípulo se assemelha ao Mestre divino que aceitou livremente a morte pela salvação do mundo e se identifica com ele no derramamento do sangue” (Lg 42). No entanto, fiel até o fim da carreira terrena deve ser ininterruptamente todo cristão. Nas mais diversas atividades de sua vida e no seu enfoque total é necessário que se multipliquem os atos heróicos e o exercício da fidelidade total não apenas na prática de uma ou mais virtudes, mas na tendência habitual à perfeição. Através dos tempos, felizmente, são inúmeros os que procuram penetrar na teologia da santidade de vida e, de modo peculiar na teologia da caridade. Isto provém do fato de que a humanidade inteira, e, portanto, cada

FICAI PREPARADOS

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Se há um acontecimento para o qual todo cristão deve bem se preparar é, sem dúvida, após a Páscoa, o Nascimento de Jesus. Todas as graças e bênçãos de sua chegada a este mundo lá em Belém se renovam através da Liturgia. Por isto mesmo durante quatro semanas se dá uma renovação espiritual dentro do que Cristo advertiu: “Ficai preparados”(Mt 24, 44). A grande pergunta que cada um deve fazer é esta: O que devo mudar na minha vida de sorte que Jesus seja um convidado recebido com carinho, sobretudo, no dia 25 de dezembro. É preciso vencer o torpor espiritual. Uma revisão de projetos, dando à vida pessoal uma dimensão de eternidade. Para que se possa usufruir daquela alegria e paz anunciada pelos anjos na noite bendita, cumpre a purificação interior através de um intenso amor a Deus e ao próximo. Ao vir a esta terra não havia um lugar onde Ele pudesse nascer e José e Maria tiveram que se valer de uma estrebaria. O fato se repete através dos tempos quando em muitos corações não haverá gu

CREDIBILIDADE RESTAURADA

Quando um banco quebra, uma empresa vai à falência ou uma instituição perde a força de seus objetivos por má gerência, desvios estatutários ou qualquer outra balela, dificilmente recupera a credibilidade popular. Mais fácil é mudar de nome, vender o pouco que lhe resta, fugir do mercado, sepultar-se dentre os próprios escombros. Pior ainda quando é um indivíduo quem cai nas garras do descrédito e perde o respeito e a confiança dos que lhe eram afetos. O que se diria se a falta de confiança recaísse sobre a Igreja, uma instituição cuja razão de ser é um pacto de amor entre Deus e os homens? Pois o lobo da maledicência rondou seu átrio santo. Nunca a Igreja Católica foi tão sordidamente vilipendiada, massacrada pela mídia e criticada pela língua solta dos contrários à sua doutrina, como no ano que vemos encerrar. De repente, uma chuva de críticas, acusações, discordâncias gratuitas e afoitas propostas de mudanças ecoaram pelos quatro cantos do globo, como se a simples razão do existir