SANCTA MARIA, MATER DEI
“Santa Maria, Mãe de Deus – Sancta Maria, Mater Dei”
Pelos idos do século quinto, precisamente em 429, o bispo Nestório, Patriarca de Constantinopla, na Catedral apinhada de gente, pregava do púlpito, que Nossa Senhora é mãe de Jesus e não Mãe de Deus. Um dos mais simples dos fiéis, Eusébio Dorileu levanta-se, alto e bom som proclama: “O patriarca blasfema”. Dá para se imaginar o desacerto advindo! Ao tempo que, não há quem não fique assombrado, frente à grandeza de tal desassombro: um homem do povo, verberando o mais alto dignitário da Igreja Oriental.
O Espírito, assegura Jesus, sopra onde quer. Assim foi no julgamento de Susana, quando o jovem Daniel gritou: “Eu sou inocente do sangue dessa mulher”; do que resultou a morte dos juizes acusadores. Da fala do Espírito, por Eusébio Dorileu, originou-se um debate, culminando com o Concílio de Éfeso dois anos após, em 431, que oficializou a segunda parte da Ave Maria: “Santa Maria, Mãe de Deus”. Esse Concílio, convocado pelo Papa Celestino I, hoje São Celestino, foi presidido pelo Patriarca Cirilo de Alexandria: São Cirilo condenou a heresia e excomungou Nestório. O Espírito Santo por Maria Santíssima, esta pelo Patriarca de Alexandria, condenando o heresiarca Nestório, entrega a palma a Eusébio Dorileu.
Na ocasião, certificado das ocorrências, o Papa Celestino I agiu rápido, porém, Nestório não estava sozinho, pois, além da craca dos bajuladores que o incensavam, outros bispos e padres formavam com ele, comungando da mesma heresia. Tanto que, em 1916, cerca de mil e quinhentos anos após, existiam 600 (seiscentos) mil nestorianos, com sede em Bagdá, no Iraque. Atualmente, os intitulados nestorianos sumiram e se alguns existem, não aparecem nas estatísticas. Não assim a heresia, que Maria é Mãe de Jesus e não Mãe de Deus, de vez que essa incongruência se tem disseminado como gangrena, através das diversas seitas e seus “inocentes” úteis. Esses mesmos “inocentes”, que, de maneira acertada, reverenciam as mães de seus pastores e, paradoxalmente, pregam que Maria, Mãe de Deus, é uma mulher igual às outras. Não atinam na enormidade da “exceção”. De vez que, Jesus também era um homem igual aos outros “exceto” no pecado. De forma idêntica, Maria é uma mulher igual às outras, “exceto” que é a Mãe de Deus. Essa exceção, ou privilégio, distingue Maria das outras, quanto dista o Céu da Terra, por instituição Divina e não desiderato humano. Logo, não é porque os católicos desejam, mas porque assim Deus determinou, assim estabeleceu. É ponto pacífico, por ser ato de fé.
Ora, sendo ato de fé transcende. Se transcende, avança para sobrenatural que se pode compreender e aceitar. Porém, explicar o sobrenatural, naturalmente, é uma ação fenomenal, para não dizer impossível. Viver sem fé, é coisa que não existe. Até os naturalistas tem fé em Darwin, pois, acreditam num “elo hipotético” e acreditar, é ter fé. O ponto basilar do cristianismo é a fé na ressurreição de Cristo, que ninguém presenciou. Mas, nós pomos fé no Evangelho, em São Paulo que falou com o Ressuscitado. Donde se conclui, que existe fé sadia e fé doentia, fé esclarecida e fé cega. Seja esclarecida, seja cega, a fé é, por natureza, arbitrária. Não há quem me convença que Cristo não ressuscitou, tampouco mantenho a pretensão de convencer o darwinista que o “elo perdido” é balela. Ora, o cristão persegue o espiritual, o darwinista segue o natural. Um examina as coisas do Céu, outro vasculha a Terra. A mãe do cristão reside no Céu, é Maria Santíssima, a mãe do darwinista mora aqui mesmo, é a mãe Natureza. O primeiro submete-se ao Criador, o segundo à criatura. Parte daqui, o dever do cristão zelar pela Natureza, posto que Mandamento bíblico. E o primeiro homem de Deus, que disto se apercebeu foi Salomão, “ecologista” maior e oficial, que não só cuidou dos animais, das aves, dos répteis e dos peixes, como também, do cedro que há no Líbano ao hissopo que brota da parede. Isto não é “hipotético”, nem argumento “perdido”, encontra-se registrado no primeiro Livro dos Reis, capítulo quarto, versículo trinta e três.
Em aditamento, num terra-a-terra, o cristianismo espiritual revela-se, exuberante e naturalmente, mais prático que o darwinismo, naturalista. E por que? Porque morrendo o cristão e, hipoteticamente, não havendo outra vida, não haverá céu, nem purgatório, nem inferno. Descansará em paz e não terá vivido em vão, posto que não haverá quem o recrimine. Porém, morrendo o darwinista e havendo outra vida, haverá Céu, Purgatório e Inferno. Deparará com a Corte Celeste e, na mais branda das hipóteses, provará a sensação do macaco do qual se diz originar, preso com a mão na cumbuca. Que sensação e que cumbuca!…
Além do mais, essa doutrinação naturalista peca pela base. Assim sendo, é um gigante de bronze com pés de barro. Porquanto, não há naturalista que desconheça, afora os nulos em geofísica, geistória e os que silenciam por matreirice, que as ilhas vulcânicas de Galápagos, inspiradoras da propalada “evolução das espécies”, afloraram à superfície apenas há quatro milhões de anos e os grandes répteis dos quais Charles Darwin imaginou ser a fauna ali existente evolutiva, haviam desaparecido entre cento e quarenta e cento e sessenta milhões de anos. Em conseqüência, o que se presencia nas Galápagos, é mera adaptação dos animais do Continente às condições de vida naquelas ilhas. Não assim, com os enormes lagartos conhecidos por dragões de Komodo, ilha no arquipélago da Indonésia, cuja fauna endêmica, Darwin ignorou em seus escritos. Charles Darwin, pelas limitações da época, tinha o direito de ignorar a singularidade da fauna naquele arquipélago, porém, os darwinistas atuais têm obrigação de o saber e calar, é inescrupulosidade flagrante. Basta considerar, que o outro lado do mundo, nestes dias, adentra os nossos lares imediatamente, pela televisão, pelos vídeos, pelas parabólicas cada vez menores e mais potentes, pelo computador conectado à internet, satisfazendo as mais intrincadas consultas; de nossas casas viaja-se o Globo terrestre, comodamente assentados, entre um cafezinho e outro, sem despesas adicionais. A nossa geração é privilegiada, a mais atualizada de todos os tempos. É uma bênção, não a transformemos numa maldição.
Sumariamente, o cristão põe fé na ressurreição do Senhor Jesus, por conseqüência, em tudo que nos revelou e nestes dois mil anos, não tem padecido desilusão. O mesmo não se pode dizer do darwinista, que volta e meia, apela para uma seqüência de neodarwinismos. De desengano em desengano, de frustração em frustração, há os que estão catando “vida” noutros sistemas planetários, argumentando soberba humana ser a Terra, esta poeira cósmica, o único planeta com vida na imensidão do Universo. Desconsideram, que assim como não se utiliza o metro comum para calcular distâncias entre sistemas planetários e intergalácticos, não se utiliza a ciência natural, que não vislumbra numa rosa a manifestação Divina, para ponderar sobre o Incomensurável, tendo em vista, carecer do indispensável embasamento espiritual. Em conseqüência, frente à Suprema Grandeza, não é a soberba humana que, neste particular, conta e se questiona, porém, a Sublime Humildade que, com poder e riqueza indescritíveis, nasceu dependentemente pobre em Belém, determinada desde a Eternidade, em substituir os metropolitanos e intelectivos centros citadinos da época, pela ínfima e desprezada Nazaré, onde cresceu “em sabedoria, estatura e em graça, diante de Deus e dos homens”. Assim sendo, o divino Mestre explicitou que não veio para aprender conosco e sim ensinar. Daqui, a Terra, esta “poeira cósmica”, pela desproporção do Hóspede Divino, “que veio para o que era seu”, ter-se tornado o Centro do Universo, para confusão dos heliocentristas, dos sábios e investigadores do século, em virtude do Hóspede Divino ser o próprio Jesus, Criador das coisas visíveis e invisíveis. Em concordância, a Nova Jerusalém não terá sol nem lua, porque a claridade de Deus a ilumina e a sua lâmpada é o Cordeiro, nos assegura São João. Em perfeita sintonia com Jesus, o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, que lembrou a Felipe: “Quem me vê, vê também o Pai”, consoante havia revelado aos judeus: “Eu e o Pai somos um”. Por ser um com o Pai, o Menino deitado na manjedoura reinava nos céus. “Santa Maria, Mãe de Deus!” Conquanto, a citação do Menino, engloba a Maternidade Santíssima de um Adulto, segundo a profecia de Jeremias: “Uma mulher envolverá um homem”. Quem puder compreender que compreenda, de vez que, explicar o sobrenatural naturalmente, é mera especulação, embromação.
A observância e a prática da vida nos ensinam, que todo ser organizado tem um centro, uma cabeça, uma determinação, uma doutrina. Eusébio Dorileu, homem do povo, compreendeu isto melhor que poucos doutores e não vacilou em qualificar o bispo Nestório de blasfemo, antes da Igreja se manifestar, oficialmente, sobre a Maternidade Divina de Nossa Senhora. O que Dorileu nos transmitiu, por inequívoca manifestação do Deus Espírito Santo, é que todo bispo, pela sua investidura, ultrapassa o respeito comum devido a qualquer pessoa humana, enquanto não se manifeste um falso, um hipócrita, um heresiarca, um solapador das orientações do Papa, centro visível, embaixador legítimo do Cristo invisível. Desde o momento em que o bispo perder o sal da doutrina, da moralidade cristã, Jesus informa: “Para nada mais serve, senão para ser lançado fora e calcado pelos homens”. Esta advertência de Jesus, Eusébio Dorileu não deixou passar em “brancas nuvens”, pelo contrário, ele a exerceu plenamente. Eusébio (homem do povo e não do populacho, que se move a qualquer vento de novas doutrinas), soube distinguir um reles interpretador do extraordinário preservador da Sã Doutrina.
Finalmente, este modesto articulista, com Eusébio Dorileu, além de cristão, só tem em comum ser um homem do povo e nesta qualidade dirige ao bispo, ou a quem de direito, o antigo, porém, oportuno dito popular: “Quando vires a barba do vizinho arder, põe as tuas de molho”. Sumária e explicitamente, pretende lembrar, que para cada bispo modelo Nestório, desalinhado de Roma, haverá um homem do povo, outro Eusébio Dorileu para o refutar, sob a proteção da sempre Virgem, “SANTA MARIA, MÃE DE DEUS”.
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