MARIA ELEVADA AOS CÉUS


A festa da Assunção de Maria aos céus leva os fiéís a se lembrarem de seu destino perene, conforme está na Carta aos Hebreus: "Não temos aqui cidade permanente, mas vamos em busca da futura" (Hb 13,14). Vêm à mente as consoladoras palavras do Apóstolo: "Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória prometida que nos deve ser manifestada" (Rm 8,18). A Rainha poderosa, no céu, está à espera de seus filhos. Por isto o júbilo é uma marca deste dia singular. A lembrança de que se longe da pátria verdadeira, na qual já se encontra Maria, traz reflexões profundas. Ela precedeu seu súdito e o destino deste é também glorioso, se ele andar nos caminhos de santidade que ela percorreu. A terra ofereceu ao céu um presente de grande preço, para selar esta feliz aliança entre o mundo terreno e o mundo celeste. Para todos os batizados tem Maria hoje uma mensagem especial. De seu trono ela contempla as vagas revoltas do mal arrastando numerosos filhos seus, sobretudo as ondas sedutoras, mas falazes do prazer. Porque à alma não podem satisfazer efêmeras satisfações mundanas, em todos os tempos, ao lado da coluna dos prazeres ilícitos, ergueu-se o plinto fatídico do desespero. À filosofia hedonista sucedeu sempre a filosofia pessimista. Amarguraram-se os que cederam ao erro de levar aos lábios a taça das delícias terrenas. Infelizes aqueles que não podem sair do abismo em que se acham, porque a materialidade os tiraniza. Para este cortejo de almas, que trilham as estradas da existência sem rumo é que a solenidade da Assunção traz a mensagem de fagueira esperança. A melodia que hoje percorre os ares e penetra no íntimo de cada ser está repleta de otimismo. Trata-se da inabalável certeza de que para o cristão verdadeiro, para o pecador arrependido, aquela ventura eterna raiará um dia, como refulgiu para Maria. Diante do mundo está o túmulo vazio da Rainha que venceu a morte e subiu aos céus, numa afirmação solene de que a vida humana nesta terra é um caminhar. As delícias ilusórias da viagem não podem satisfazer os legítimos anseios do homem cujo destino é por demais grandioso. É o fulgor da vida sobreposto ao horror da morte que hoje se celebra. Como Maria, cada um voltará para junto do Pai, depois de passar pelo vale da morte, se alimentar não a carne mas o espírito. Tão somente assim se libertará o ser racional do desespero que sempre lhe há de advir quando se desilude das terrenas satisfações. Maria sobe hoje aos céus porque muito amou. O epígono de Cristo seguirá a Rainha, se muito souber amar. Se compreender o verdadeiro sentido do amor que deve se sobrepor aos desejos do instinto e se espiritualizar numa diuturna renúncia. Gloriosa é a vida do homem sobre a terra rumo a uma ventura sem fim. Cumpre-lhe, a exemplo de Maria, realizar sua missão, certo que jamais sonhou com as indescritíveis alegrias que o aguardam no término da jornada. Na casa da Madona celeste, na qual ela aguarda o seu devoto deve estar o pensamento do cristão. Então, sim, a expectativa da vitória será para cada filho da Rainha um penhor do afastamento das ilusões da terra e, em conseqüência, penhor daquela alegria que será a partilha de todos aqueles que ouvem a mensagem da Virgem Assunta aos céus. Mas para que as ondas do mal não apaguem o apelo de Maria, cumpre se viva sob a proteção desta Soberana, trazendo-a cada vez mais para o cotidiano. Assim, o fiel não se deixará arrastar no turbilhão voraz das paixões. Olhos voltados para a Virgem, caminhe cada um sem se deixar prender a esta terra de exílio, porque Maria subiu aos céus para, no entardecer da jornada, receber seus filhos para os gozos eternos que Cristo lhes mereceu. * Professor no Seminário de Mariana - MG




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Última Alteração: 16:34:00

Fonte: Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Local:Mariana (MG)

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