LOUVORES A MARIA DO SECULO NONO AO DOZE



Nos primórdios do século IX aparece Teodoro Studita, abade asceta do mosteiro de Studion de Constantinopla. Ele é autor de bela homilia sobre a natividade de Maria. Nela tem expressões como estas: “A bem-aventurada Virgem é o céu que mostra o sol da justiça, a terra que produz a espiga da vida, o mar que traz a pérola espiritual. Como este mundo é magnífico! Como esta criação é admirável com sua bela vegetação de virtudes, com as flores odoríferas da virgindade! Que de mais puro, que de mais irrepreensível que esta Virgem? Deus, luz soberana e toda imaculada encontrou nela tanto encantamento que se uniu a ela substancialmente pela descida do Espírito Santo. Maria é uma terra sobre a qual o espinho do pecado não se introduziu nunca. Pelo contrário, ela produziu o renovo pelo qual o pecado foi arrancado até à raiz. É a terra que não foi maldita como a primeira, fecunda em espinhos e em cardos, mas sobre a qual desceu a bênção do Senhor, e seu fruto é bendito, como diz o oráculo divino”. No decurso da História, o século X se apresenta como o mais depauperado no campo da cultura e da ciência. Entre as luzes que brilharam naquele contexto aparece uma notável monja chamada Rosvita de Gandersheim, a primeira poetisa alemã de formação clássica. Além de suas obras em prosa e de seus poemas históricos, destacam-se oito poemas sagrados em hexâmetros leoninos e dísticos. O primeiro deles é a “História da bem-aventurada Virgem Maria”, narrando a douta monja a existência de Nossa Senhora até à fuga para o Egito. Segundo o prefácio que ela fez para o livro que reúne as poesias sacras, foi a Sagrada Escritura que deu o fundamento para a composição daqueles versos. São Pedro Damião, colocou, no século XI, sua hábil pena a serviço do louvor a Maria. Dele é esta consideração sobre o Pão divino que se recebe na Comunhão: “Pesai, irmãos bem amados, eu vos conjuro, o quanto somos obrigados à bem-aventurada Mãe de Deus e que ações de graças nós lhe devemos render depois de Deus por um tão grande benefício. Porque este corpo de Cristo que ela gerou e trouxe em seu seio, que ela envolveu em linhos, que ela alimentou com seu leite com maternal solicitude, é o mesmo corpo que nós recebemos do altar; é seu sangue que nos bebemos no sacramento de nossa redenção. . . Eva comeu um fruto que nos privou do eterno festim; Maria nos apresenta um outro que nos abre a entrada do banquete celeste”. No século XII avulta São Bernardo, que assim se expressou “O nome da Virgem era Maria”. Falemos um pouco deste nome que significa “estrela do mar” e que convêm admiravelmente à Virgem Mãe. A comparação com o astro é perfeita: o astro emite seus raios sem sofrer alteração, a Virgem dá à luz seu Filho sem sofrer nenhuma lesão; o raio não diminui em nada a claridade do astro, seu Filho guardou intacta a integridade da Virgem. Ela é bem aquela nobre estrela de Jacó, cujos raios iluminam o universo inteiro, cujo esplendor brilha no mais alto dos céus e penetra até os abismos. Resplandecendo também sobre todas as terras e aquecendo antes as almas que os corpos, faz crescer as virtudes e desaparecer os vícios. Ela é esta esplêndida estrela que se eleva sobre a imensidade do mar, brilhando por seus méritos, iluminando pelos seus exemplos. Ó tu que te sentes longe da terra firme, levado sobre as ondas deste mundo no meio das tormentas e das borrascas, não tires dos olhos a luz deste astro, se não queres soçobrar. Se o vento das tentações se levanta, se o escolho das tribulações se ergue em teu caminho, olha a estrela, chama Maria. Se tu és sacudido pelas vagas do orgulho, da ambição, da maledicência, da inveja, olha a estrela, chama Maria. Se a cólera, a avareza, os desejos impuros agitam fortemente o escaler de tua alma, olha Maria. Se perturbado pela enormidade de teus crimes, envergonhado pelas torpezas de tua consciência, aterrorizado pelo temor do julgamento, tu começas a te entregar à tristeza, a resvalar na desesperança, pensa em Maria. Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria. Que seu nome não se afaste jamais de teus lábios, que ele não se aparte de teu coração; e para obter o socorro de sua prece, não negligencies o exemplo de sua vida.”. Antológico trecho que Pio XII dizia ser a mais bela, talvez, e edificante de toda a literatura mariana.* Professsor no Seminário de Mariana - MG

Última Alteração: 10:38:00
Fonte: Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho Local:Mariana (MG)

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