A MEDALHA MILAGROSA E SEU SEQUISCENTENARIO.


Pe. Lucas de Paula Almeida, CM
170 anos são passados, desde que a família vicentina foi agraciada com as aparições à Irmã Catarina Labouré, hoje Santa Catarina Labouré. Depois das hesitações, provas, estudos e reflexões de seu diretor espiritual, Pe. Aladel, surgiu a cunhagem de uma medalha, minuciosamente estudada e analisada em seus detalhes, de acordo com as informações prestadas pela vidente. A aceitação, a acolhida deste novo sinal de predileção da Virgem Imaculada foi realmente surpreendente e marcada com manifestações de graças e favores excepcionais, imediatamente atestados e difundidos, numa cadeia contagiante de relatos, os mais variados, de benefícios recebidos pelos portadores da medalha e seus devotos. A difusão da medalha foi-se alastrando e os pedidos chegavam de todas as partes, dificultando mesmo o pronto atendimento. A estupenda história desta medalha, justamente chamada de "milagrosa", é por demais conhecida e suficientemente divulgada para que se volte aqui a falar dela... Neste século e meio de história, não faltaram nunca os estudos sob todos os aspectos deste acontecimento maravilhoso. Pesquisadores, historiadores e teólogos se debruçaram sobre os fatos, procurando dar credibilidade ao fenômeno de renascimento espiritual e religioso, desencadeado pelas aparições da Rue du Bac, Paris, em 1830. A pessoa da vidente, sua história, seu caráter, suas devoções, sua vida em comunidade, etc... seu temperamento calmo e realista, suas ocupações e trabalhos mais simples, anos seguidos, em ofícios os mais modestos, sua dedicação a toda prova aos pobres, seu realismo perseverante no cotidiano sem brilho e sem nada de extraordinário que a distinguisse de qualquer outra irmã de Caridade, sua companheira... Os símbolos que aparecem na medalha, desde as frases claras até os sinais significativos. A mensagem contida nestes mesmos sinais e a significação específica de cada símbolo. Tudo foi analisado, comparado, confrontado à luz da fé, da teologia e da arquealogia e numismática religiosas. Enquanto isto, a piedade popular e mesmo elementos de todos os níveis intelectuais viviam e experimentavam as realizações das promessas, feitas à vidente da Rue du Bac... Verificou-se, imediatamente, um renascimento sem precedentes nas práticas de piedade, no aumento das vocações para as Filhas da Caridade, nas associações religiosas e no povo em geral. Agora, tanto tempo depois, com a necessária distância e isenção de espírito, mas impressionados com a mesma continuidade dos benéficos efeitos da medalha milagrosa, grandes pesquisadores, de povo, se dão ao árduo trabalho de voltar aos documentos originais. Em 1973, o famoso Jean Guiton, filósofo da história e também apaixonado pelos assuntos religiosos, lança um belo livro: " Rue du Bac - ou la Superstition Depassé". Estudo apaixonado, comovente, feito com as mais rigorosas exigências da crítica, mas vazado igualmente segundo os moldes do coração e os postulados do sentimento religioso. Dedicado aos milhares de peregrinos, vindos de todas as partes do mundo, mais numerosos do que aqueles que visitam a Torre Eiffel, que, no silêncio e na prece, buscam a Capela das Aparições da Rue du Bac. Considera a aventura espiritual e mística de Santa Catarina como um caso particular de profecia. A medalha como uma síntese perfeita da história da salvação, reunindo os símbolos e imagens bíblicas, desde o Gênesis até o Apocalipse, permite revelar o mistério aos pobres, aos pequeninos, aos humildes, levantando-os aos mais altos estados de contemplação. "O texto de Catarina deve ser decifrado. Um texto inspirado é uma cifra, escrita segundo um código". Em 1976, ano centenário da morte de Santa Catarina Labouré (1876-1976), o lazarista italiano Angelo Zangari, publica um precioso estudo sobre a Medalha Milagrosa: "Simbologia della Medaglia Miraculosa- Storia- Teologia- Archeologia- Arte-Numismática". O autor procura responder ao desejo de Jean Guiton: decifrar a linguagem simbólica da Medalha Milagrosa. Num estudo científico, com todo rigor e riqueza de informações, exaustivo até, tenta aclarar certas lacunas que vêm desde os inícios da difusão da medalha. Certos pormenores que escaparam à própria vidente e ao seu diretor espiritual, Pe. Aladel, são elucidados à luz dos documentos originais e da simbologia de todos os tempos. Tendo em mãos algumas milhares de medalhas de vários tipos, como outras imagens e publicações, analisa, confronta e retifica. Com paciência e lucidez procura elucidar o verso, a face e o reverso da medalha em seus monogramas, símbolos e sinais, cada um deles, segundo a Bíblia, a Teologia, a Arqueologia, a Arte e Numismática de todos os tempos. Os globos, um nas mãos, na visão, o outro, debaixo de seus pés, que aparecem na medalha, considerados em seu significado bíblico-teológico como síntese poderosa da dignidade soberana da missão única de Maria, rainha do mundo. A serpente, tanto na história profana como na sagrada, presente na medalha, relembra a ação devastadora do demônio e a vitória definitiva de Cristo e de Maria sobre o mal. Assim, no verso da medalha, Pe. Zangari estuda teologicamtne as doutrinas de mariologia, aí recordadas e expressas. A mediação de Maria, Mãe de Deus e dos homens, seu inefável privilégio da Imaculada Conceição, tão amplamente celebrados na liturgia e na preparação da definição dogmática da verdade revelada. A inscrição: "Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós, que recorremos a vós". Que de modo nenhum poderia ter sido imaginada por Catarina Labouré, transmitida de modo resumido e com erros ortográficos. Os raios, desprendidos de suas mãos, símbolo das graças abundantes de que é portadora, jamais seriam pensados por ninguém, nem poeta, nem teólogo. O reverso da medalha traz uma nova luz, em confronto com a história autêntica dos documentos e da arqueologia iconográfica, a respeito dos símbolos que, desde o começo, não foram bem compreendidos. Assim, a letra M não é um monograma do nome Maria, já claramente invocado na prece do verso da medalha, mas sim o monograma de sua missão- MÃE. No verso da medalha está escrito o nome de Maria, no reverso, sua dignidade e missão- Mãe de Deus. O traço, a barra, unindo esta letra à cruz, não é um simples adorno, mas um J (jota) grego, monograma do Santíssimo nome de Jesus. Pela lógica exigida para a compreensão da medalha, a maternidade de Maria se esclarece pela indicação da pessoa histórica, a que se refere: Jesus. A pequena cruz- um X (xis) grego, monograma de Cristo. A medalha contém e exprime a concepção sintética ideográfica do Divino Crucificado e sua cruz. Jesus Cristo Salvador! Os dois corações, um coroado de espinhos, o outro atravessado pela espada, representam facilmente a paixão redentora de Cristo e a compaixão de sua mãe, seu amor sobrenatural para com os homens. As 12 estrelas que aparecem em todas as medalhas, e introduzidas pelo artista que cunhou as primeiras, não constam nos documentos autênticos. Conclui o autor que Catarina, inculta e iletrada, não poderia nunca idealizar esta medalha, síntese exata e completa de mariologia! No mesmo ano de 1976, ano centenário da morte de Catarina Labouré, vem a lume talvez o mais alentado e valioso estudo sobre Catarina e a Medalha Milagrosa. R. Laurentin, coadjuvado pelo Pe. Roche, CM e outros estudiosos da Congregação e uma equipe de Filhas da Caridade, reexamina todo o documento sobre as aparições, toda a vida de Catarina, a longa história da medalha, sua prodigiosa difusão, as graças e benefícios alcançados, enfim toda a problemática suscitada pelo fenômeno de uma aparição, de uma revelação particular. Começa se perguntando se ainda teria sentido falar de aparições, de medalha, de piedade popular para o "homem moderno, o homem do século XX"... Desaconselhada a leitura do livro para aqueles que, em tais fenômenos religiosos, não vêem outra alternativa entre ilusão, superstição, ingenuidade, para aqueles que vêem na religião uma degradação, nas medalhas, uma superstição e no ecumenismo, uma radical depuração e concessões... Aconselha-o, ao contrário, vivamente, aqueles que se interessam não somente pela fé, mas ainda pela história e pelas manifestações antigas e atuais do carisma, da profecia. A devoção popular que a medalha suscitou, o ressurgimento espiritual que desencadeou, tem suas raízes históricas e espirituais na tradição de São Vicente de Paulo e de Santa Luíza de Marilac. Do ponto de vista da fé, o livro é aconselhado a todos os que se interessam pelos valores do Sinal, necessidade urgente para os homens de hoje, especialmente para os cristãos. Renasce, hoje, a religião popular, há um florescimento dos carismas: visões, curas, alívio. Há uma tendência exagerada e super-crítica a remeter o profetismo a um passado longínquo. No entanto, readquire hoje sua dimensão de presente e de futuro. Um psicanalista censura a mania agressiva do clericalismo contra tais fenômenos. Um sociólogo, Serge Bonnet, impressionado com a multidão, que durante o ano freqüenta a Rue du Bac, no silêncio, no respeito, na prece ardente e, às vezes, relatada mesmo por escrito, nos registros dos santuários de França, reafirma os valores desconhecidos tanto da religião popular como de suas orações, isentas de superstições, magia, extravagâncias; pelo contrário, riquíssimas em elementos da doutrinação cristã, em ações de graças, desinteresse e respeito pelo mistério. Depois de analisar o significado geral do uso e cunhagem de medalhas comemorativas, costume de todos os tempos, desde a mais alta antigüidade até os nossos dias, faz a aplicação das mesmas funções às medalhas religiosas. 1. A medalha é uma expressão gratuita e concentrada de fé: muito densa e intensa na Medalha Milagrosa. 2. Comemora um acontecimento: uma aparição, isto é, um encontro, uma mensagem, uma recordação de aliança de Deus e os homens. 3. A função da medalha é significar, atestar, fortalecer um laço, um apego vivencial a Deus, a Cristo, à sua Mãe, à Igreja. 4. Finalmente, a medalha é entendida como um sinal de proteção, na esperança da ajuda de Deus e de sua graça. A Medalha Milagrosa é um sinal sóbrio e fascinante, quando bem entendido e vivido na fé e na verdadeira devoção. 5. Sua mensagem, tantas vezes repetida, convida formalmente a trazer a Medalha e rezar. Trata-se, portanto, de um sinal, destinado a estimular a atividade da fé. 6. Conclui ainda R. Laurentin: Catarina Labouré encontra sentido, em seu centenário. Com esforço de compreensão de uma época tão diferente da nossa, sua história se torna uma luz. Ela soube conciliar um serviço realista com os carismas propriamente espirituais.
A AVE MARIA EM 7 IDIOMAS
PORTUGUÊS
Ave Maria, cheia de graça,o Senhor é convosco,bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto de vosso ventre,Jesus.Santa Maria, mãe de Deus,rogai por nós pecadores,agora e na hora de nossa morte,Amém!
LATIM
Ave Maria, gratia plena,Dominus tecum,benedicta tu in mulieribus,et benedictus fructus ventris tui,Jesu.Sancta Maria, Mater Dei,ora pro nobis peccatoribus,nunc et in hora mortis nostrae,Amen!
ITALIANO
Ave Maria piena di grazia,il Signore è con te,Tu sei benedetta tra le donne ebenedetto è il frutto del tuo seno,Gesù.Santa Maria, Madre di Dio,prega per noi peccatori,adesso e nell'ora della nostra morte,Amen!
ESPANHOL
Dios te salve María llena eres de gracia,el Señor es contigo,bendita eres entre todas las mujeresy bendito es el fruto de tu vientre,Jesús.Santa María, Madre de Dios,ruega por nosotros los pecadoresahora y en la hora de nuestra muerte,Amén!
FRANCÊS
Je vous salue, Marie pleine de grâce,le Seigneur est avec toi,Tu es bénie entre toutes les femmes et,Jésus.Le fruit de tes entrailles, est béni.Sainte Marie, Mère de Dieu,prie pour nous, pauvres pécheurs,maintenant et à l'heure de notre mort,Amen!
INGLÊS
Hail Mary, full of grace,the Lord is with thee,blessed art thou among women,and blessed is the fruit of thy womb,Jesus.Holy Mary, Mother of God,pray for us sinners now,and at the hour of our death,Amen!
ALEMÃO
Gegrüßet seist du, Maria, voll der Gnade,der Herr ist mit dir,Du bist gebenedeit unter den Frauen,und gebenedeit ist die Frucht deines Leibes,Jesus.Heilige Maria, Mutter Gottes,bitte für uns Sünder jetzt,und in der Stunde unseres Todes, Amen!


(1) Pe. Lucas de Paula Almeida, CM padrelucas@terra.com.br - http://www.padrelucas.com.br/ TEL. (031)34260069- 99766272

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A VIRGEM DA DOCE ESPERA

MARIA ÍCONE ESCATOLÓGICO DA IGREJA.

SER DISCIPULO, NÃO SÓ ALUNO