AS MENSAGENS DA PADROEIRA


Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
É de se observar inicialmente que o ser humano possui várias formas de comunicação: a linguagem verbal e não-verbal. Na primeira emprega-se a palavra oral ou escrita para se transmitir alguma mensagem. O tipo de linguagem, cujo código não é a palavra, se denomina não-verbal, dado que a mensagem é passada a partir de outros códigos como o desenho, os gestos, as cores. Pode-se, deste modo, decifrar, também através destes sinais, uma comunicação intersubjetiva. Em célebres aparições da Virgem Maria, reconhecidas pela Igreja, como as que se deram em Lourdes, Fátima, Guadalupe, houve um diálogo entre a Mãe de Jesus e os videntes com apelos para a conversão, a oração e até incluindo presságios. Em Aparecida, porém, a via escolhida por Maria foi a da linguagem não-verbal. Uma imagem que fora lançada no Rio Paraíba, provavelmente por ter caído de algum oratório e se quebrado, foi encontrada em outubro de 1717 por pobres pescadores que procuravam peixe para o Conde de Assumar que passava por aquela região paulistana.

O encontro das partes desta imagem que logo procuraram recompor já era um sinal. É de se notar, entretanto, que o fato de Filipe Pedroso, o qual ficou com a imagem, tê-la conservado por quinze anos até passá-la a seu filho Atanásio Pedroso, tendo este erguido um oratório para cultuar Maria, mostra que não houve nenhuma mistificação neste fato histórico. Em torno do oratório, pessoas piedosas começaram a orar, recitando piedosamente o terço e o faziam com suma confiança e fervor. Aquela que é a Medianeira de todas as graças atendia as preces.

Curas miraculosas se verificavam e numa expressão bem popular se passou a invocar a Nossa Senhora Aparecida, caracterizando bem as circunstâncias que envolveram o encontro da Imagem então venerada. Trata-se, portanto, de uma devoção nascida no meio do povo e notável, isto sim, é como se desdobrou este culto mariano até tomar as proporções que hoje conhecemos. Foi o Papa Pio XI, que, sensível aos anseios do povo brasileiro, assinou a 16 de julho de 1930 o decreto em que proclamou Nossa Senhora Aparecida Padroeira da Nação Brasileira. Diz o documento: "Declaramos e constituímos a Beatíssima Virgem Maria concebida sem mancha, sob o título de Aparecida, Padroeira de todo o Brasil".

Antes o Papa Pio X havia elevado à categoria de Basílica Menor o templo a ela dedicado e Bento XV por ocasião do bicentenário do encontro da imagem concedeu a Indulgência plenária em forma de Jubileu. Depois, Pio XII fixou em 12 de outubro a festa litúrgica que hoje celebramos. João XXIII instalou o Arcebispado de Aparecida; Paulo VI agraciou com o raríssimo sacramental da Rosa de Ouro o Santuário Nacional de Aparecida; João Paulo II pessoalmente em 1980, consagrou a nova Basílica e Bento XVI em maio de 2007, abriu a V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe em Aparecida local por ele escolhido para o importante conclave. Os Papas, portanto, através dos tempos, patenteiam a importância da devoção dos brasileiros a Maria sob o título de Aparecida e interpretaram sempre que ela quis deste modo manifestar um carinho especial por nossa pátria e deseja sempre proteger o Brasil.

Além disto, outras mensagens fluem do gesto de Maria: a imagem representa sua Imaculada Conceição num apelo a que seus devotos vivam uma vida longe da poluição erótica difundida por Satanás, fugindo da escravidão do pecado, do erro, dos vícios; convite à recitação fervorosa do terço, à simplicidade de vida que ostentavam os pescadores que a encontraram; desejo de que, a exemplo destes pescadores, cada um a traga para suas casas e, sobretudo, dedique a ela um altar dentro do próprio coração.

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