A DESPEITO DE NÓS


Em qualquer circunstância, em todos os momentos das nossas vidas, Deus está no controle; falo aos crentes em Jesus. Independente do que vemos ou sentimos, as coisas só acontecem pela permissão ou autorização da soberana vontade de Deus. Mesmo quando não entendemos, o comando é dos céus.

Deus não precisa do nosso consentimento para nos por à prova; somos d’Ele e este fato faz toda a diferença, Ele, não eu escolhe a prova, e seus motivos, e seus fins. As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos (Lm 3: 22); pela graça somos salvos (Ef 2:8).

As Escrituras, em toda sua extensão afirmam a misericórdia de Deus, a isso podemos somar a graça sem igual e teremos nossas vidas o tempo todo, todo o tempo sob o olhar do Senhor, atento e afetuoso olhar. Jó, mesmo desconhecendo os acontecimentos no mundo espiritual, recebeu as trágicas notícias e confirmou o que dissera Deus a seu respeito, íntegro, reto, temente.

Quando diz: - O Senhor deu o Senhor tomou bendito seja o nome do Senhor - me traz à memória Hb 10: 34 - Quando tudo o que vocês tinham foi tirado, vocês suportaram isso (.) porque sabiam que possuíam coisa muito melhor, que dura para sempre - NTLH.
Por mais difícil que a situação se nos apresente é vital permanecer no que cremos e não no que estamos vendo. Deus sempre usará de misericórdia, é atributo divino usar de misericórdia, agrada ao Senhor esperar mais um pouco para usar de misericórdia; Isaías 30: 18 e 21 nos revelam a longanimidade de Deus. ( leia o texto )

Nunca o objetivo de Deus é punir somente; como eu demorei a aprender isto! Sempre fui lento quando o assunto é sentimento bom, quem usa de má-fé, má-fé imputa aos outros, então sempre que as coisas ficavam muito ruins; estar ruim já era meu estado normal de coisas, quando ficavam muito ruins eu pensava: “ Ele é Deus, o que quiser fazer, faz, o jeito é agüentar em silêncio e torcer pra acabar logo.” Sofri horrivelmente, pois via na igreja uma cadeia, no pastor, um carcereiro.

Gastei precioso tempo na inglória tarefa de mostrar a Deus como eu era esforçado, em quase tudo já me parecia com os crentes, falava, me vestia, orava na igreja, ia ao evangelismo, lecionava na escola dominical; deveria ter algum valor.

Até mudar os meus pensamentos o Senhor foi afrontado pela minha ignorância acerca da sua maneira de tratar aqueles a quem recebe por filhos: “ Porque no meu furor te castiguei, mas na minha graça tive misericórdia de ti.” Is 60: 10; e posso ir adiante, a Bíblia está repleta de afirmações sobre a graça e o amor divinos, mas muito mais fácil é penitenciar-me, olhar para o meu pastor como quem olha para a mão de Deus que segura o chicote.

Injusto tantas vezes, maledicente tantas outras, e mentiroso, fazemos qualquer coisa para termos ao nosso lado a razão. Passei ao largo da declaração em João 1: 16: “ Porque todos temos recebido da sua plenitude, e graça sobre graça.” Meus instintos mesquinhos e humanos, sinônimos, me fizeram ouvir a acusação, a “fila andou” e não ouvir Rm 3: 24: “ sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus.”

Naquele retiro no centro de recuperação de mendigos da Missão Vida percebi claramente o Espírito Santo usando o pr. Arnaldo e me avisando que mais aquela vez as misericórdias do Senhor estavam disponíveis, mais uma vez a graça divina traduzia-se, simples, um versículo.

Quando acabou aquele culto eu fui para o quarto, atordoado com as palavras latejando na minha cabeça: “ Eu é que sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais.” Jeremias 29: 11. A palavra lida libertara-me. Quanto amor!

Mas insisti, sem saber o que fazer, raramente sabemos o que fazer quando o Senhor trata diretamente conosco, falta de prática. “ Deus e o que eu faço com tudo de ruim que fiz? É um peso muito grande, tem coisa que não dá nem pra citar! Como ficam os cultos nos quais preguei alcoolizado, e as ofertas que gastei como recompensa por um “trabalho prestado ao Reino”, os abortos, a produção de vídeos pornográficos?”. Desabei.

Ao orar eu apenas expressava minha agonia com a lembrança das inúmeras pessoas que ofendi. As falcatruas, as mentiras, as traições, os vínculos malignos; meu rosário de acusações duraria uma noite inteira, todo o lodo e os picumãs dos quartos escuros da minha alma saltavam aos olhos, era sujeira demais para Deus, tão severo, justo, bíblico, tão Deus!

A pergunta era uma só, como é que o Senhor conseguiria liberar misericórdia se eu não merecia misericórdia? Pensar na justiça divina no momento de confissão pode enlouquecer qualquer um. Hoje, após ouvir o pr. Renato ( Igreja da Graça Maior – Belo Horizonte ) pregar, eu entendo melhor essas coisas. Se merecesse a misericórdia de Deus, então seria justiça, não seria misericórdia. Pare tudo e ore. Graça, Paz e Bem!

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