MERCADO E FAMILIA


O divórcio cresceu, no Brasil, de 3,3 para 17,7 em cada 100 casamentos, entre 1984 e 2002, de acordo com a pesquisa patrocinada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).1 Descobriu-se uma correlação significante entre a chegada da televisão e o aumento dos divórcios.

Analisando os censos de 1970, 80 e 91, Chong e La Ferrara descobriram que a proporção de mulheres separadas ou divorciadas cresce significantemente com a chegada das telenovelas. Isso fica mais evidente em cidades menores, onde o sinal de televisão atinge uma fração maior da população.

A pesquisa buscou a influência das novelas sobre a situação socioeconômica das mulheres. Seus autores dizem que as novelas criticam, sistematicamente, valores tradicionais e fomentam a circulação de ideias modernas, como a emancipação e o fortalecimento da mulher no trabalho e em casa. “Separação e divórcio são reflexos naturais dessas atitudes”, dizem eles.

O estudo abrangeu todas as novelas da Globo, de 1965 a 2004. Os resultados revelaram que o relacionamento extraconjugal feminino é relativamente constante ao longo do tempo. Cerca de 30% dos personagens femininos são infiéis.

Outro achado é que separação ou divórcio eram temas praticamente ausentes das conversas entre os personagens até meados dos anos 70. Daí em diante cresceram, até chegarem à média de 20%.

Conduzida em mais de 3 mil municípios brasileiros, a pesquisa revela que novos padrões de “normalidade comportamental” podem ser estimulados pelas novelas e podem atingir grupos específicos (como, no caso, as mulheres casadas), a um baixo custo. Podem, assim, ser empregados como ferramentas de políticas públicas. Nesse sentido, os autores esperam estar fornecendo ao BID e aos governos meios de usar mais eficientemente essa poderosa arma.

Os autores de novelas, ao serem criticados por sua ousadia, alegam que não criam nada; apenas retratam a realidade já existente. Porém, desconfio que a novela já foi eleita “a menina dos olhos do mercado”, senhor todo-poderoso de nossa cultura de massa. Repare que nem governos desafiam o mercado. Quem tentou está soterrado sob os escombros do muro de Berlim.

Se a essa “entidade” misteriosa não interessar uma família formada por casamentos duradouros e fiéis, entre homens e mulheres, ela será ridicularizada nas novelas, que passarão a mostrar o “sexo sem gênero ou número” como sinônimo de liberdade: lindos casais (ou trios) coloridos, lutando contra a opressão retrógrada pelo direito de existir sob a proteção da lei e, por que não, de Deus.

Se o mercado lucrar com gente avulsa e caótica comprando compulsivamente para esquecer a dor da solidão, “desconstruirá” até a proteção que a Constituição brasileira dá à família. Seu objetivo, enfim, é recriar nossa sociedade à sua imagem e semelhança. Para ser-lhe senhor; “...para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a marca, o nome da besta ou o número do seu nome” (Ap 13.17). E a mídia, em geral serva fiel, já recebeu suas ordens.

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