OS ATRIBUTOS DE MARIA


Trata-se de um estudo baseado nos critérios de análises interpretativas que buscam oferecer subsídios para o entendimento dos hinos marianos na atualidade, visto que a bibliografia que trata do assunto é muito moderada.

A análise é feita seguindo os preceitos dos dogmas marianos: Virgindade, Maternidade, Imaculada Conceição e
Assunção de Maria.

O conceito de uma “Maria libertadora” é bastante exposto no desenvolvimento dos hinos já que verificamos uma grande parcela de poemas com o sentido libertador.

Maria é indicada como uma verdadeira “protetora” dos povos, os autores dos dois cantos pesquisados desenvolveram seus trabalhos colocando em evidência uma santa que está mais próxima dos problemas enfrentados pela sociedade atual.

As dificuldades que os “humildes” enfrentam hoje são evidentemente lembrados e, na maioria das vezes, focalizados nos textos mariais com o auxílio dos epítetos apresentados.

A música mariana está sempre presente na história do povo religioso católico. Desde seu surgimento, da solenidade ao culto, expressa e se adéqua a momentos de louvor e adoração à Virgem Maria. Não só no passado, deixa sua marca pelo tempo, como vemos que os fatos citados na história presente nos cânticos ocorrem também na atualidade. Ela se mantém presente na vida do ser humano, do devoto, traduzindo sentimentos, desejos e inspirações. Nos cânticos mariais brasileiros, os elementos que aparecem com destaque em nosso estudo são os atributos, ou seja, os variados títulos dados a ela.
Há atributos que recordam sua vocação e missão em relação a Cristo e à Igreja: “Mãe do Salvador”, “mãe do meu Senhor”, “mãe de nosso Deus”; outros exaltam suas qualidades: “Virgem Prudente”, “Virgem”, “Nobre Senhora”, “mãe de misericórdia”; alguns lembram determinados fatos de sua vida: “Nossa Senhora das Dores”, “Nossa Senhora das Mercês”; outros aceitam-na como representante de algum local, país: “Santa Padroeira do Brasil”, “Senhora da América Latina”; e muitos lembram alguma intercessão da Virgem em favor dos homens: “Mãe dos pobres e fracos”, “Virgem dos desamparados”, “Mãe da humanidade”; é também reconhecida pela beleza e doçura: “Mãe amável”, “Mãe bela”, “Mãe querida”; apresenta recordações familiares: “mãe”, “nossa mãe”, “senhora”, e assim por diante.
Observe, a seguir, a Ladainha de Nossa Senhora:
Virgem do SIM à Palavra,
Rogai por nós!
Virgem do risco do Amor,
Rogai por nós!
Virgem de toda alegria,
Rogai por nós!
Encontra-se, nesta oração uma série de atributos que, assim como em outros cantos, fazem menções à história da passagem de Maria pela terra, os fatos que a fizeram “mãe de todos nós”, “a protetora e guia” daqueles que a aceitaram como mãe de Deus e intercessora entre os homens e Deus.
Assim, a “Virgem do SIM à palavra” refere-se ao episódio da visita do anjo Gabriel a Maria, tendo esta aceitado a missão de dar à luz Jesus. Creditou o pedido de Deus, transmitido pelo anjo, colocando em risco todo o amor: “Virgem do risco do Amor”; segundo as Escrituras, ela também seguiu os preceitos com muita alegria: “Virgem de toda alegria”.
Seguindo o exposto, é bem possível dizer também que Maria recebe o título de “A Virgem das altas montanhas” por ela ser uma “serva de Deus” que pode estar até mesmo nos mais altos lugares, nas mais altas montanhas pois está somente abaixo de Deus. Aquela que estimula seu povo a seguir os preceitos divinos: “Virgem do entusiasmo”, e a caminhar em busca de um lugar para viver: “Virgem do irmão caminheiro”:

Virgem das altas montanhas,
Rogai por nós!
Virgem do entusiasmo,
Rogai por nós!
Virgem do irmão caminheiro,
Rogai por nós!
Observa-se também, neste mesmo cântico, uma Maria que cuida dos desamparados: “Virgem dos desamparados”, e que olha para os filhos, vigiando os lares: “Virgem de todos os lares” e, dispondo também de observações para o mundo, busca a paz: “Virgem da paz para o mundo”:
Virgem dos desamparados,
Rogai por nós!
Virgem de todos os lares,
Rogai por nós!
Virgem da paz para o mundo,
Rogai por nós!
De igual modo, verifica-se neste outro hino “Mãe do céu morena” atributos que apresentam uma Maria morena, representante de todas as raças, e que é o símbolo dos povos sofridos, pequenos e oprimidos:

Mãe do céu morena
Senhora da América Latina
de olhar e caridade tão divina,
de cor igual à cor de tantas raças,
Virgem tão serena, Senhora desses povos tão sofridos,
Patrona dos pequenos e oprimidos,
derrama sobre nós as tuas graças.
(Veja esse cântico na íntegra na segunda capa desta revista).
Aqui Maria é qualificada de “Mãe do céu morena”, “Senhora da América Latina”, “Virgem tão serena”, “Senhora desses povos tão sofridos” e “patrona dos pequenos e oprimidos”. São termos que indicam uma santa voltada ao “povo sofredor” que teve suas terras tomadas, os oprimidos e escravizados de todas as formas.
Neste sentido, para Leonardo Boff (1990, p. 21), por exemplo, sem Maria faltaria algo na história de todos os homens, pois estaríamos privados da colaboração e presença da mulher que compõe a outra metade dos seres humanos. Os relatos que encontramos sobre a Virgem Maria é sempre fecundo, passível de ser aproveitado para esclarecer dúvidas e ser divulgado.
Os diversos atributos que temos a oportunidade de conhecer por meio dos textos marianos são particularidades que, se não tivessem sido tornados públicos por meio dos cânticos que foram feitos em homenagem à santa, consequentemente também não teríamos tido a oportunidade de conhecê-los, promovê-los e venerar cada vez mais a “Senhora da América Latina” e por conseguinte “Nossa Senhora Aparecida”.

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