A FÉ CRISTÃ E O MEIO AMBIENTE
"Javé Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Éden, para que o cultivasse e guardasse." (Gn 2:15, Bíblia Edição Pastoral).
Nos últimos anos multiplicaram-se as pesquisas sobre o impacto da ação humana no meio ambiente, e os resultados, que são catastróficos, têm ressoado no mundo merecendo destaque nos principais órgãos de imprensa.
O buraco na camada de ozônio só cresce a cada dia preocupando os povos e cobrindo o futuro com uma sombra aterradora. Estudos recentes não deixam mais dúvidas de que o mundo caminha, inexoravelmente, para um período de grave crise climática cujas conseqüências se estenderão para todos os âmbitos da existência, colocando em dúvida a viabilidade da vida na terra.
O paradoxal disso é que os países que mais contribuíram para a destruição do meio ambiente e a conseqüente desorganização do clima no planeta, foram aqueles ditos cristãos (tanto católicos como protestantes). Exatamente os que deveriam, por causa de sua profissão de fé, ser os mais responsáveis no trato com a natureza que é resultado do amor de Deus pela terra e seus habitantes.
Tal estado de coisas mostra que os cristãos foram mordomos infiéis (para usar as palavras da Bíblia), pois não dispensaram o cuidado necessário à herança que receberam para administrar. Antes, movidos pela ganância e pela sede de poder, os cristãos (?) usaram e, literalmente, abusaram dos recursos naturais e o que agora se vê são os gemidos, mas também, a resposta do ambiente aos maus tratos recebidos por tanto tempo.
O atual contexto é uma confirmação de que os cristãos falharam na missão de construir uma sociedade mais justa e fraterna. Optaram pela edificação de impérios (econômicos, políticos, religiosos, bélicos) onde somente uma minoria foi privilegiada enquanto milhões foram excluídos da possibilidade, sequer de ter o mínimo necessário à sobrevivência.
Gestou-se um estilo de vida predatório. Caríssimas construções; uma multiplicidade de eletrodomésticos que atulham casas e apartamentos; quantidade de roupas além do que seria suficiente; extravagantes hábitos de consumo e uso de tecnologias que distanciam as pessoas do contato com a natureza. Todos estes, são itens do estilo de vida das sociedades ditas modernas que consomem energia e recursos além do que seria necessário e, por fim, desencadearam o processo de destruição que agora se tenta desesperadamente remediar.
O momento é apropriado para que os cristãos reflitam sobre o próprio estilo de vida e como ele se relaciona com aquele proposto por Jesus de Nazaré. Em que sentido o estilo de vida dos cristãos questiona os não cristãos? Em que medida as igrejas cristãs estão preocupadas em cuidar do meio ambiente? Quantos de nós estamos (ou estivemos) envolvidos em alguma campanha defendendo o uso mais racional dos recursos naturais? Em que as minhas atitudes pessoais para com o ambiente servem de exemplo para outros? A responsabilidade dos cristãos para com o ambiente não é uma questão de ideologia política, mas de compromisso com o seu Mestre Cristo.
Em termos genéricos, as sociedades ditas cristãs, a julgar pelo modo como escolheram viver, parece não terem entendido bem o significado e as implicações de ser discípulo de Jesus. Mas, e aqueles que se dizem convertidos e que se vincularam formalmente a uma determinada denominação cristã, será que estes entenderam?
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