MARIA ÍCONE DA CARIDADE EVANGELICA
Por: Padre Wagner Augusto Portugal |
"Fruto do Espírito e da plenitude da lei, a caridade guarda os mandamentos de Deus e de seu Cristo: ‘Permanecei em meu amor. Se observais os meus mandamentos, permanecereis no meu amor’ (Jo 15,9-10).”
Assim nos explica o Catecismo da Igreja Católica sobre esta virtude teologal, “pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas, por si mesmo, e a nosso próximo como a nós mesmos, por amor de Deus” (CIC §1822).
E na busca de um ícone que tenha vivido intensamente esse “vínculo de perfeição” (Cl 3,14), correspondendo no próximo o sentimento semelhante ao daquele “que nos amou primeiro” (1Jo 4,19), encontramos a imagem de Maria, a Mãe do Divino Amor, aquela que “guardava tudo em seu coração” (Lc 1,19).
Tabernáculo do Altíssimo, escolhida dentre todas para dar a luz o Cristo, homem-Deus Redentor de todos os povos, é a que melhor pode compreender a mensagem divina, discernir o mais puro sentido da doutrina cristã e, como a Estrela do Mar, guiar-nos na prática da caridade evangélica, esta que deve ser a marca de todo cristão.
Chamados que somos a ser imagens vivas de Cristo, tendo sido, antes, criados à imagem e semelhança de Deus, esta característica inata da natureza humana é a primitiva correlação que nos obriga a trabalhar nossa conduta, desde o domínio de nossos ímpetos, o zelo pela formação espiritual, para que possamos, nessa busca de uma aproximação com a Perfeição, fortalecermos-nos com a prática da caridade evangélica que tanto bem nos faz, quanto cativa o próximo, em quem há-de refletir esse sentimento e dele se beneficiar. Ora, se Deus é amor, nossa vida deve ser amor.
Deste modo, tornaremos “Deus presente e real entre nossos irmãos, os homens. Não um Deus distante, do dever pelo dever ou do temor, mas o Deus que não somente nos ama, mas que se define como Amor.” E com Nossa Senhora, “exemplo eloqüente de caridade delicada, fruto de um coração repleto de amor pelos homens, (...) descobriremos a segurança que provém não da auto-suficiência, mas da humildade e da alegria de saber que Deus nos convidou para ser espelhos fiéis de sua bondade e nos assiste com sua graça”.*1
Nessa escola da prática da caridade, o grande mestre é Jesus. E a Virgem Santíssima, a partir de seu “ecce ancilla”, se abre e como que pelo mundo diz o “sim” necessário à obra da redenção. Não era o seu consentimento apenas. Muito mais... Era o desapego de si, o abandono orante à vontade do Pai, confiante na sua graça. Era o “fiat voluntas tua” que ecoou até o Horto das Oliveiras; uma relação mútua entre o Criador e a criatura, uma aproximação muito forte entre a divindade e a humanidade no processo da redenção; já eram os desígnios da predestinação de Maria Co-redentora.
Na escola da caridade evangélica, Maria foi a precursora, silente na meditação do Verbo Humanado em seu ventre, na adoração no presépio de Belém, na intimidade da Casa de Nazaré, resignada no Calvário, na alegria das alvíssaras do primeiro dia da semana, na efusão do Espírito Santo em Pentecostes. E é ela quem nos aponta Jesus como caminho para mergulhar no insondável mistério de Deus, que é o Mistério de Amor. “Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor” (Jo 15,9). “Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós… Sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15, 4-5). Ora, se Cristo é quem nos introduz no mistério de Deus e, mais ainda, o faz a todos que se uniram a Ele e O amam, a Virgem do Silêncio é o ícone em que melhor se define.
“Só uma experiência de amor pode introduzir na plenitude do amor”. Só uma experiência de vivência em Cristo nos leva à prática da caridade evangélica. “Por isso é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35).
Em dias de muita confusão ideológica, de esfriamento da fé, de crises existenciais, em que a sociedade anseia por uma satisfação hedonista, a advertência do Apóstolo Paulo, que, a propósito, celebramos seus dois mil anos, torna-se oportuna para uma reflexão: “A caridade – nos diz ele - é paciente, a caridade é prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (lCor 13,4-7).
Por isso, Maria suportou tudo o que lhe foi reservado.
Por isso, os discípulos deram a vida por Cristo.Assim nos explica o Catecismo da Igreja Católica sobre esta virtude teologal, “pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas, por si mesmo, e a nosso próximo como a nós mesmos, por amor de Deus” (CIC §1822).
E na busca de um ícone que tenha vivido intensamente esse “vínculo de perfeição” (Cl 3,14), correspondendo no próximo o sentimento semelhante ao daquele “que nos amou primeiro” (1Jo 4,19), encontramos a imagem de Maria, a Mãe do Divino Amor, aquela que “guardava tudo em seu coração” (Lc 1,19).
Tabernáculo do Altíssimo, escolhida dentre todas para dar a luz o Cristo, homem-Deus Redentor de todos os povos, é a que melhor pode compreender a mensagem divina, discernir o mais puro sentido da doutrina cristã e, como a Estrela do Mar, guiar-nos na prática da caridade evangélica, esta que deve ser a marca de todo cristão.
Chamados que somos a ser imagens vivas de Cristo, tendo sido, antes, criados à imagem e semelhança de Deus, esta característica inata da natureza humana é a primitiva correlação que nos obriga a trabalhar nossa conduta, desde o domínio de nossos ímpetos, o zelo pela formação espiritual, para que possamos, nessa busca de uma aproximação com a Perfeição, fortalecermos-nos com a prática da caridade evangélica que tanto bem nos faz, quanto cativa o próximo, em quem há-de refletir esse sentimento e dele se beneficiar. Ora, se Deus é amor, nossa vida deve ser amor.
Deste modo, tornaremos “Deus presente e real entre nossos irmãos, os homens. Não um Deus distante, do dever pelo dever ou do temor, mas o Deus que não somente nos ama, mas que se define como Amor.” E com Nossa Senhora, “exemplo eloqüente de caridade delicada, fruto de um coração repleto de amor pelos homens, (...) descobriremos a segurança que provém não da auto-suficiência, mas da humildade e da alegria de saber que Deus nos convidou para ser espelhos fiéis de sua bondade e nos assiste com sua graça”.*1
Nessa escola da prática da caridade, o grande mestre é Jesus. E a Virgem Santíssima, a partir de seu “ecce ancilla”, se abre e como que pelo mundo diz o “sim” necessário à obra da redenção. Não era o seu consentimento apenas. Muito mais... Era o desapego de si, o abandono orante à vontade do Pai, confiante na sua graça. Era o “fiat voluntas tua” que ecoou até o Horto das Oliveiras; uma relação mútua entre o Criador e a criatura, uma aproximação muito forte entre a divindade e a humanidade no processo da redenção; já eram os desígnios da predestinação de Maria Co-redentora.
Na escola da caridade evangélica, Maria foi a precursora, silente na meditação do Verbo Humanado em seu ventre, na adoração no presépio de Belém, na intimidade da Casa de Nazaré, resignada no Calvário, na alegria das alvíssaras do primeiro dia da semana, na efusão do Espírito Santo em Pentecostes. E é ela quem nos aponta Jesus como caminho para mergulhar no insondável mistério de Deus, que é o Mistério de Amor. “Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor” (Jo 15,9). “Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós… Sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15, 4-5). Ora, se Cristo é quem nos introduz no mistério de Deus e, mais ainda, o faz a todos que se uniram a Ele e O amam, a Virgem do Silêncio é o ícone em que melhor se define.
“Só uma experiência de amor pode introduzir na plenitude do amor”. Só uma experiência de vivência em Cristo nos leva à prática da caridade evangélica. “Por isso é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35).
Em dias de muita confusão ideológica, de esfriamento da fé, de crises existenciais, em que a sociedade anseia por uma satisfação hedonista, a advertência do Apóstolo Paulo, que, a propósito, celebramos seus dois mil anos, torna-se oportuna para uma reflexão: “A caridade – nos diz ele - é paciente, a caridade é prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (lCor 13,4-7).
Por isso, Maria suportou tudo o que lhe foi reservado.
Por isso, a Igreja subsiste a todos os tipos de ataques ao longo desses dois mil anos.
“A caridade é paciente”, nos ensina Paulo; mas o mundo nos exige o açodamento.
“A caridade é prestativa”, mas as circunstâncias nos tornam egoístas.
Ela “não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho”; a sedução do mundo, no entanto, faz-nos arrogantes, a desejarmos mais, a possuir o que não nos convém, desordenadamente.
“Nada faz de inconveniente”, enquanto reincidimos no erro inúmeras vezes; “não procura o seu próprio interesse”, mas nos ocupamos apenas com nossas satisfações; “não se irrita” – ah, a intolerância quase se torna uma marca do homem de nossos dias; “não guarda rancor”, um dos motivos das guerras que dizimam povos e perdem almas.
“Não se alegra com a injustiça”, no entanto, vibramos com a má sorte de muitos; o sentimento de vingança sempre nos sobrevém ao mínimo toque em nosso amor-próprio ou a qualquer indignação; e o regozijo com a verdade se torna difícil, principalmente quando a verdade custa-nos o sofrimento de alguma forma.
A caridade, enfim, “tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. E, por isso, Deus, que é o sumo bem, concede-nos a graça santificante, princípio da vida sobrenatural, dom gratuito, infundida em nossa alma pelo Batismo, para curá-la do pecado e santificá-la.
Não há verdadeira santidade sem caridade. Com a caridade tudo é possível, mas sem ela a vida cristã perde seu sentido. A caridade é doar-se, assim como Maria se doou, assim como Jesus, enquanto homem, entregou-se aos algozes para que se cumprisse o plano de Redenção. Daí a caridade ser a essência do cristianismo e deve ser, portanto, a marca de todo católico, atentos à “necessidade urgente e intrínseca de viver amplamente o espírito de caridade e fazer que os homens o vivam”.
O caminho para permanecer no amor de Cristo é cultivá-lo, exprimi-lo, dar-lhe densidade existencial no concreto da nossa vida. O Senhor garante que permanecem no seu amor aqueles que cumprem os seus mandamentos, que se resumem e se inserem no amor de Deus e no amor do próximo. É toda a nossa vida, de relação, de trabalho, de alegria ou sofrimento que podem ser vividas nesse amor de Jesus Cristo, da mesma forma como Maria esteve presente, no silêncio, na oração e na contemplação. Para quem permanece no amor de Cristo a vida toda se torna adoração.
O “faça-se em Mim segundo a tua Palavra” de Maria era o abandono adorante que a acompanha na concepção do Verbo, quando recebe em seus braços o Menino em Belém, quando no Calvário acolheu, em seu regaço, o corpo morto de seu amado Filho. Em todas essas circunstâncias Ela reagiu com atitude adorante: “guardava tudo no seu coração”. É o incentivo que nos impele à prática da caridade evangélica.
Meus irmãos,
São João em sua Primeira Carta adverte que “Se alguém disser: ‘Eu amo a Deus’, mas odiar a seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama a seu irmão ao qual vê, como pode amar a Deus, que não vê?” (1Jo 4, 20). E o Santo Padre Bento XVI, em sua magistral encíclica “Deus caritas est” observa que “este texto, porém, não exclui de modo algum o amor de Deus como algo impossível; pelo contrário, em todo o contexto da 1ª Carta de João citada, tal amor é explicitamente requerido. Nela se destaca – continua o Papa - o nexo indivisível entre o amor a Deus e o amor ao próximo: um exige tão estreitamente o outro que a afirmação do amor a Deus se torna uma mentira, se o homem se fechar ao próximo ou, inclusive, o odiar. O citado versículo joanino deve, antes, ser interpretado no sentido de que o amor ao próximo é uma estrada para encontrar também a Deus, e que o fechar os olhos diante do próximo torna cegos também diante de Deus.” (Deus caritas est I,16).
É com Maria que aprenderemos a abrir o nosso coração ao Espírito Santo para, repletos de sua graça, vivermos a partilha do amor com todos os irmãos, a partir do Evangelho.
Que a Virgem dos Remédios, Padroeira de Caxambú, a Mãe do Silêncio e da Oração nos ensine a permanecer no amor de Cristo, na simplicidade da nossa fé, no desejo de sua Palavra e, mais ainda, de querer estar junto ao Santo Tabernáculo e participar da Sagrada Eucaristia, para, então, tornarmos-nos autênticos cristãos e darmos testemunho do Vosso Filho, Jesus Cristo.
1 - CORCUERA L.C., Álvaro – VENHA A NÓS O VOSSO REINO – Carta aos membros do Movimento Regnum Christi, 19/07/2007
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