Maria mãe de Jesus



Neste início do Mês de Maio  que se inicia todo para venerarmos a Mãe do nosso salvador, desejo formular a todos vós as minhas cordiais saudações e votos de paz neste novo período de vossas vidas.


Todos almejamos a paz, e todos desejamos viver em paz. Mas a paz verdadeira, pela qual todos buscam ardentemente, não deve ser vista simplesmente como acordo politico ou fruto de uma conquista do homem. Esta é, antes de tudo, dom divino e ao mesmo tempo compromisso o qual deve-se levar em frente, sobretudo observando as Escrituras. Mas esta paz também tem um nome e uma forma humana: Jesus Cristo, Verbo eterno de Deus que faz-se um de nós, entra no mundo e transforma a nossa realidade. A sua paz não é falsa; o seu poderio não é passageiro.
Veio, pois, esta paz ao mundo e os homens a rejeitaram, e o mataram. E ainda hoje tentam suprimir a verdadeira paz para impor no lugar um conceito de paz falso, que não trará pela felicidade a nenhum dos seres viventes. Só Jesus Cristo é a verdadeira Paz! N’Ele os homens poderão encontrar pleno repouso, e Ele aniquilará toda a marca de guerra e violência provocada por Satanás e por aqueles que querem sobrepor-se ao Evangelho e põe-se no centro de tudo, onde já não mais Deus lhes importa.
No livro dos Números, cuja primeira leitura nos é proclamada hoje, encontramos uma benção que é dada pelo próprio Deus, e a Igreja conserva-a ainda hoje em seu formulário de bençãos. Em um dos versículos se diz: “O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz” (Nm 6,26). Na noite de Natal os anjos cantaram: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados” (Lc 2,14). Sim! Que o Senhor volte Seu rosto também para os nossos dias, marcados pela violência e desvalorização do ser humano; pela ganância do coração humano e pelas pesquisas ousadas com a vida humana, como se esta fosse para experiências científicas. Que o Senhor volte seu rosto para aqueles que são perseguidos por causa do Seu Evangelho. Enfim, que volte-se para a humanidade envonta nas sombra das trevas. Sim Senhor! Que esta paz reine no mundo! Que possais, Vós, reinar no mundo! Que a vossa destra sobreponha-se gloriosamente reinante sobre todas as formas de violência. Porque só se estiver iluminada pelo “rosto” de Deus e submeter-se ao seu “nome” a humanidade poderá encontrar um verdadeiro caminho para a paz.
Para os israelitas, no Antigo Testamento, o Senhor concedeu a paz, anunciada por meio de Moisés. Para o povo do Novo Testamento, firmado na Nova Aliança do Sague de Cristo, Ele já não mais concede a paz invisível, como um desejo; mas concede o Seu Filho, Jesus Cristo, que assume a forma humana. Ele é a nova Paz, que firma-se com Sua Encarnação e com o Sangue derramado na cruz. Ora, se Jesus é o Deus da Paz, Filho de Maria, logo Maria é a mãe da Paz. Sim! Maria é a mulher e mãe da Paz! Ela em sua vida sempre desejou fazer a vontade do Senhor, e nô-lo fez. Mesmo aos pés da cruz ela se encontra em permanente atitude de oração, e não deixa de olhar para a humanidade maculada pelo pecado e ferida por tantas devastações.
Na segunda leitura leitura, de forma muito resumida, São Paulo faze-nos contemplar todo o mistério da Encarnação do Verbo. “Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, para resgatar os que eram sujeitos à Lei, e todos recebemos a dignidade de filhos” (Gl 4, 4). Toda vida de Jesus foi dedicada a nos unir a Deus, e precisamente para isto Ele veio: para fazer-nos recobrar a atitude de que somente em Deus nos é concedida verdadeira liberdade; para nos resgatar do peso da Lei, que tornava-se vazio, pois apenas anunciava-se, mas não se vivia. E Jesus vem ser este sinal de liberdade verdadeira. Não de libertinagem, e muito menos de uma falsa liberdade; mas de uma verdadeira e santa Liberdade, que não sujeita-se ao pecado, mas vê a graça da vida futura, ao lado de Deus. E por isso o Filho de Deus encarna-se em Maria. E eis aqui o grande privilégio dela: Ser mãe do Filho de Deus, e assim sendo, é também Mãe de Deus. E justamente não há data melhor para celebrarmos tal Solenidade senão neste oitavo dia após o Natal, quando estes dois mistério se relacionam íntrinsecamente.
Assim como os Doutores da Lei e Fariseus anunciavam as leis, mas não a viviam, também nós devemos tomar cuidado, não obstante ser a verdadeira Igreja fundada por Cristo há dois mil anos, mas as leis da Igreja, fundamentadas em seu fundador, não podem tornar-se vazias de seu significado; caso contrário cairá num invólucro vazio e em um desencorajamento da vivência da nossa fé, tão bem transmitida a nós. Que as leis, onde se deve subsistir a verdade, sejam acompanhadas da caridade, mas que não sejam sacrificadas pela caridade.
Juntamente com a invocação de Virgem Santíssima, a invocação Mãe de Deus é uma das mais antigas na devoção a Maria, e também uma das de maiores devoção, ao qual, de geração em geração, todos invocam a proteção materna daquela que é também nossa mãe. Todavia, se somos filhos não por merecimento mas por pura misericórdia de Deus, Maria também é nossa mãe, não por merecimento nosso, mas por misericórdia. E assim, filhos da mesma Mãe, e filhos do mesmo Pai, poderemos ser inserir-nos, também nós, no mistério da salvação, e tornarmo-nos partícipes da gloriosa vinda do Senhor.
Escreve Santo Agostinho: “De valor algum teria sido para ela a própria maternidade divina, se ela não tivesse levado Cristo no coração, com um destino mais afortunado de quando o concebeu na carne(De sancta Virginitate, 3, 3). Não bastou para Maria conceber Jesus, Ela o levou em si mesma; carregou-O antes em seu coração. Para nós é válida esta mensagem sempre presenta na História: Tenhamos Jesus em nosso coração, para que possamos nos configurar a Ele; e, assim, possamos levá-Lo a outros que ainda não o conhecem.
Parece-nos difícil acreditar que uma mulher pode tornar-se Mãe de Deus. Como, se Deus é eterno? Como se Ele é Criador de tudo e de todos? Ora, sendo Deus eterno, e podendo fazer o quer, pôde também deixar que fosse concebido de uma mulher. Ele assim o quis para que melhor fosse completada sua salvífica obra.
No Evangelho São Lucas, como diversas vezes narra, nos diz que “Maria, porém, guardava todas essas coisas, meditando-as em seu coração” (Lc 2,19). O que se passava pela cabeça de Maria? O que Ela meditava? Certamente deveria se questionar sobre o por quê ela foi escolhida. No entanto, nesta passagem fui tocado por duas palavras que devem fazer-se presente cotidianamente na vida do cristão: meditação e oração. Não seriam a mesma coisa? Não! Apesar de se completarem não possuem mesmo significado. Pode-se meditar sem se práticar a oração. Medita-se quando se pensa em algo. Porém, uma oração não existe sem meditação, apesar de ser possivel existir meditação sem oração. Mas convenhamos que, se não se medita em uma oração ela tornar-se-á apenas palavras, mas o verdadeiro significado, que parte do coração perde seu sentido.
Meditemos e oremos! Oremos e meditemos! Como Maria saibamos enxergar e interpretar os sinais de Deus em nossa vida. Ele não é o Deus do passado, não está distante! Ele é um Deus presente, que vem nascer todos os dias e bate à nossa porta, à porta do nosso coração. Conservemos em nosso coração todas as coisas que Deus nos oferece. Tenhamos a certeza de que na fragilidade da criança, em seu olhar, em sua pequenez, esconde-se a Onipotência e o Amor de um Deus que em sua glória inclina-se e olha a cada um de igual forma.
Maria Santíssima, Mãe de Deus, nos dê forças para não cedermos à tentação do desencorajamento e que possamos perverar sempre nos ensinamentos divinos, sobretudo neste novo ano que se inicia. Que o frágil Menino torne-nos artífices e promotores da paz.

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