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Ame e odeie o mundo

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“Porque Demas me desamparou, amando o presente século, e foi para Tessalônica, Crescente para Galácia...”  (2 Tm 4.10)   Há uma grande diferença entre amar toda a criação de Deus e amar “este século” (ou ao “mundo”, palavra que ainda nos causa confusão). Defino aqui mundo  como a produção humana e seu conjunto de experiências que acabam tornando a vida uma loucura, sem espaço para Deus; uma auto-suficiência idólatra onde as pessoas agem como se elas fossem deuses, criando um sistema de vida viciado na busca pelo prazer individual e no pleno exercício da ganância; o humanismo secular.   Logo, alguns concluem que devemos nos proteger de toda essa mazela mundana. A implementação disto seria, portanto, viver em uma comunidade isolada e cujo centro é a estrutura eclesial. Criaríamos um gueto alternativo que se exime dos processos da vida social, à margem dos espaços públicos de construção e manutenção, visto que são estruturas possuídas pelo maligno e se envolver implicaria em apai

A BUSCA DA PERFEIÇÃO

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"Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito" (Mt 5,38-48). Esta clara determinação do Mestre divino é um vibrante apelo à fuga de toda e qualquer mediocridade. Cristo nos ensina que o apelo à santidade é para todo batizado. Muitos julgam que a perfeição cristã está reservada aos grandes místicos como Santa Catarina de Sena, São João da Cruz ou Padre Pio. Eis aí um ledo erro, pois tal é a vocação de todo aquele que tem fé, dado que Deus já preceituara no Antigo Testamento: “Sede santos, porque eu sou santo”, como está no Livro do Levítico (Lv 2,43-45). Jesus veio a esta terra para mostrar como colocar em prática a solicitação divina. Os santos realizaram de maneira excelente aquilo que todo cristão deve querer ser se tiver plena consciência de sua vocação. Não se trata de viver na estratosfera, num estado de alienação, mas simplesmente estar imbuído de uma disposição sincera de adesão à vontade do Ser Supremo, amando-O e ao próximo como Jesus amou. Amar é preferir

O CICLO DA VIDA

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A gente nasce e todo mundo faz apostas quanto ao nosso futuro. Vai ser pessoa de sucesso, fama e prestígio. Vai ter saúde e ganhar muito dinheiro. Vai ser feliz. Os votos são sinceros e espelham o querer da maioria. Afinal, quem não deseja ser feliz, famoso e rico? Os pais, satisfeitos, aninham nos braços seu pequeno bebê torcendo para que tenha tudo o que lhe foi desejado pelos amigos e parentes. O tempo passa e, ainda crianças, começamos a conhecer o mundo e seus desafios. Tudo é festa. O que a gente não alcança, o pai ou a mãe entregam em nossas mãos. Choramos e logo somos atendidos. A infância parece ser um pedaço do céu para muitos de nós. Somos felizes e inocentes. A adolescência nos surpreende com um montão de espinhas e problemas insolúveis. O conteúdo escolar é difícil e os pais são chatos. Mas, em compensação os amigos são ótimos; e o melhor, também têm espinhas. O maior desafio é conseguir burlar a vigilância parental e voltar para casa na madrugada. Somos insati

A MÃE SOFREDORA JUNTO Á CRUZ

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As mães sempre presidiram a história da humanidade. Os monumentos imperecíveis que marcam grandes povos são os erguidos nos corações dos filhos pelo amor de mãe. Nas crônicas das gentes as mais gloriosas cenas se assinalam pela presença desta figura celestial que assiste o destino das civilizações e plasma aqueles que, um dia, decidem a sorte de toda uma nação. Diante da eternidade, perante os homens, maior responsabilidade não paira!  Nas encruzilhadas da vida a influência materna sempre rasgou horizontes, tracejou um caminhar para a humanidade. A França conheceu, no século XVIII, páginas singulares de sua História. Luta obstinada de novas forças sócio-econômicas contra o regime dominante. Avulta-se uma figura controvertida que haveria de agitar toda a Europa e influenciar no destino dos povos latino-americanos. Surgira o célebre Napoleão Bonaparte. No auge de sua trajetória ele afirmou solenemente: “Devo tudo que tenho feito à minha mãe”! Ser mãe de Napoleão que responsabilidad

MATERNIDADE ESPIRITUAL DE MARIA

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Lá no Calvário a  vida nova ia jorrar da Cabeça do Corpo Místico  e ali está a mãe da humanidade regenerada, porque Mãe do Salvador, Corredentora da raça redimida. Num testamento de requintado amor, revelando sua vontade derradeira, Jesus quis proclamar publicamente, solenemente esta verdade alicerçada em duas colunas auríferas: a maternidade divina e a corredenção. Cristo  abaixou seus olhos sobre os que estavam diante da Cruz os quais Ele cingia como num abraço amigo. Contemplou sua mãe e o amigo fiel. A ternura por aqueles dois seres e por milhares de outros que Ele evocou através de um símbolo vivo, iria obrigá-lo a falar não obstante tantos sofrimentos. Dulcíssimas palavras foram  recolhidas com sumo carinho pelo único Apóstolo ali presente. Pairaram elas para grandeza e felicidade da humanidade redimida: “Mulher, eis aí o teu filho ... Filho, eis aí a tua mãe”! Toda a Igreja, desde então, através de uma percepção universal e nos mais belos escritos que consagraram a pena de

O MOMENTO CERTA DA CRITICA

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A grande verdade é que ninguém gosta de receber críticas, mas, quando a hora é de ver e comentar os defeitos dos outros, dificilmente alguém perde a oportunidade de criticar. De qualquer forma, a convivência com as críticas exige uma grande dose de maturidade e equilíbrio. Elas significam um julgamento de valor ou um sentimento subjetivo de acordo com o ponto de vista de quem as faz. Do lado de quem recebe críticas, as reações também são sempre subjetivas. Há momentos em que são até bem-vindas - a pessoa está mais aberta e as aproveita para se reformular. Em outros, a crítica provoca vergonha, raiva, irritação e depressão. Há pessoas que reagem a ela com o sentimento de "deixa pra lá"; outras, porém, se arrasam. Se o criticado é forte, consciente de seu próprio valor, saberá receber a crítica naturalmente, sem grandes sofrimentos. Pode até se contrariar e rebater, mas não se sentirá derrubad

FÉ E LIBERDADE

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A Carta aos Gálatas é chamada de manifesto da liberdade cristã. Convém entender bem esta denominação. O problema que provocou a carta foi a infiltração dos judaizantes, induzindo as comunidades a assumir as práticas da Lei judaica. Naquela época, no meio gentio, provavelmente a pregação de Paulo era tida como uma variante do judaísmo. Os adversários de Paulo, aos olhos dos impressionáveis gálatas, representariam o judaísmo legítimo, com circuncisão e tudo, enquanto Paulo poderia passar por um judeu degenerado, apregoando um judaísmo diluído. Talvez por isso Paulo acusa seus opositores de não observarem a Lei (5,3; 6,13). Não se sabe se esses opositores de Paulo eram judeu-cristãos judaizantes ou judeus não-cristãos em busca de prosélitos, isto é, gentios que se convertiam ao judaísmo. Seja como for, à tentação de adotar a Lei judaica, Paulo opõe o seu Evangelho da salvação pela fé em Je